sábado, 13 de outubro de 2007

Como não ser confundido com um toxicodependente (Parte 3)

COMO NÃO SER CONFUNDIDO COM UM TOXICODEPENDENTE
PARTE 3: Cannabis e derivados


Eis-nos chegados (finalmente), à terceira e última parte deste Manual de "Como não ser confundido com um toxicodependente".

Terceira parte essa que, por uma fantástica coincidência, incide sobre a também 3ª e última parte do Despacho Normativo que é o "Guia orientador de indícios de influência por substâncias psicotrópicas" e que se refere à cannabis e aos seus derivados.

A parte inicial desta matéria é, tal como nas anteriores, dedicada aos "estigmas de consumo não determinantes, como a posse de..."

De, entre muitas coisas enunciadas no Despacho como estigmas de consumo, não posso deixar de salientar os... (se leram as duas primeiras partes, tentem adivinhar sobre que é que há muito tempo não se falava....) fragmentos! (Ah, então estavam com atenção!).
E, desta vez, fragmentos de quê? "Fragmentos ou barras de haxixe".

Mas não se preocupem com essa parte, pois isso não é determinante.

Ao contrário do que foi feito sobre as outras drogas, para a cannabis não são indicados sintomas de ressaca.

Acabo, pois (tal como o diploma legal), com os indicadores do "aspecto geral do efeito do consumo de canabinóides".

Segundo o Despacho, os olhos vermelhos são um claríssimo sintoma do consumo.
O que, na realidade, é uma verdade lapaliciana.
Mas só porque têm os olhos vermelhos, não têm que ter fumado um charro.
Mas, depois deste Despacho, tentem lá explicar isso ao bófia...
No vosso próprio interesse, se, por acaso (e é só um exemplo), forem a conduzir e vos entrar um grãozinho para a vista, nem sequer tentem esfregar o olho. Imobilizem imediatamente a viatura e afastem-se do carro a correr.
É que ser apanhado de olhos vermelhos num carro é motivo para ir ao hospital fazer exames não requisitados (por vós).

Estar "sonolento" é outro dos sintomas para os quais o Mnistro da Saúde alerta a monaria.
Mesmo que o guarda vos esteja a dar um secão monumental, mantenham os olhos muito abertos (esbugalhem-nos mesmo, se conseguirem) e ponham na cara uma expressão de "perceber, perceber".
Vão repetindo "Oh, pá, que insónias, que horror".
Não, também não façam esta última parte, senão livram-se do estigma da cannabis, mas passam a ser suspeitos de tomar anfetaminas (vd. post anterior).

Outra coisa a evitar é demonstrar "descoordenação motora".
Embora seja só um indício, é uma perfeita estupidez que conste aqui.
Por exemplo, eu, apesar de não fumar haxixe, sofro de uma enorme descoordenação motora: pura e simplesmente não me consigo (nem tento) coordenar(-me) com o motor.
E não me estou a referir ao famoso técnico de som da nossa praça, José de Motor.
Explicando melhor, sou incapaz de perder tempo do meu fim-de-semana a polir o carro, de capot aberto, a dar lustro a peças oleadas, como a homenzarrada adora fazer (estarei a virar?).
Peço desculpa, senhor agente, multe-me e, se estiver mesmo nessa, mande-me para o hospital fazer exames complementares, mas recuso-me, terminantemente, a fazer um teste de respostas tipo americano sobre o funcionamento do motor.

Tentem controlar também o vosso "aumento de apetite alimentar".
A operação-stop não dura assim tanto tempo como isso e, depois, têm mais que tempo para ir às roulottes.
Não perguntem aos guardas se em vez da multa não vos podem passar uma chamuça ou uma pita shoarma.

Nem isso, nem o desatarem a falar de tudo e mais alguma coisa. É que o "discurso imparável (logorreia) também é um sintoma de consumo.
Lembro que, à hora a que são habitualmente feitos os auto-stop's, quanto mais falam, mais se enterram.
E imparável quer dizer que não se consegue parar. Isto é, que vocês estão a falar demais.
Para os mais brutos a nível léxico-vocabular fica o alerta que não quer dizer "altamente" (do tipo: "vistes a boca que amandei ao mono? Eu estava imparável, dude!")

"Ausência de sentido crítico" é outro síntoma.
Mas, a meu ver, pode correr a favor do autuado.
Se um gako se põe muito à vontade, h´+a milhares de coisas para criticar no polícia e na sua actuação. Até na postura.
Mais vale discreto, caladinho, que com o sentido crítico inspirado.
Mas isso digo eu, que tenho a mania de ser directo demais.

"Inibição ou desinibição"
Decida-se, "shôr" Ministro!!!

"Confusão mental" e "perturbação psicótica aguda (ideias delirantes e ou ouvir vozes)" são os outros sintomas do Despacho que me chamaram a atenção.
Senhor Ministro da Saúde, antes de escrever um Despacho destes, feche-se no Gabinete (já agora, está na hora de ser remodelado, não? Vem aí o fim do ano e convém escavacar o orçamento, para ter mais no próximo orçamento...). Agora, enrole uma e fume-a à Paulo Bento. Com tranquilidade.
Além de se sentir menos stressado (está sempre aos gritos nos telejornais), vai-se rir imenso.
E vai constatar que, com umas ganzas, ninguém ouve vozes.
É só uma desculpa para sair do auto-stop, de forma "meio" airosa.
Tipo: "O quê? soprar no balão? Sim, ok, senhor guarda......ah, espere, acho que ouvi a minha mãe a chamar-me... eu já volto, tá bem?
Fuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuui!!!!"

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