sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Como não ser confundido com um toxicodependente (Parte 2)

COMO NÃO SER CONFUNDIDO COM UM TOXICODEPENDENTE
PARTE 2: Cocaína e anfetaminas


Começo por fazer um formal pedido de desculpas a todos os que, por causa do meu email, ou por terem vindo inadvertidamente ao blog, foram levados a ler o post anterior, relativo à primeira parte do Manual para "Como não ser confundido com um toxicodependente".

De facto, o texto era um autêntico logro.
Além de não ter piada nenhuma, era perfeitamente superfluo.
É que eu não percebo nada de nadinha de heroína e, por isso, não estava habilitado a escrever sobre o assunto.

Já este post, promete!
Estou muito motivado!
É que o objecto da segunda parte do Despacho "Guia orientador de indícios de influência por substâncias psicotrópicas" (e deste post) são a cocaína e as anfetaminas.
Não que eu tenha experiência na matéria.
Mas leio muito sobre isso.

Então o próximo post, o final deste Manual, sobre a cannabis (a terceira parte do Despacho) é que vai ser mesmo um espectáculo!
Também nunca experimentei. Mas uma vez vi num filme um gajo a fumar um charro.
O que faz de mim um gajo extremamente habilitado para dissertar sobre o tema.

Por hoje, vamos à cocaína.
(Onde? Onde? perguntam alguns).

Como já mencionei, a cocaína e as anfetaminas são o alvo da segunda parte do Despacho que estou a analisar e, para o qual, estou a escrever este Manual de "Como não ser confundido com um toxicodependente".

Vamos então ao diploma.

A primeira parte desta categoria, vem definir quais são os "indícios não determinantes de estigmas do consumo de cocaína e anfetaminas".

Todos vocês acertaram se escolheram, como primeira opção, os "espelhos pequenos".
Está mais que claro que não será somente o Senhor Ministro da Saúde que achará que as mulheres são todas toxicodependentes. E é óbvio que a desculpa de o espelho ser para retocarem a maquilhagem é perfeitamente descabida.
Caros amigos, se vão conduzir e levar no carro a vossa esposa, namorada, amiga ou familiar do sexo feminino, ANTES de entrarem no carro, revistem-lhe a mala.
Sei que não vai ser fácil encontrá-lo. Mas lá dentro, no meio de muita, muita, muita outra coisa, de certeza absoluta há-de haver um espelho.
Deixem-no em casa.
Depois, ja se podem fazer à estrada.
Quem avisa, amigo é.
E é para isso que serve este manual.

Também todos terão acertado no segundo sintoma: o "canivete".
Penso que é por demais evidente que em cada electricista e escuteiro há um condutor sob influência da cocaína e de anfetaminas.
É de detê-los, senhor Ministro, é de detê-los. Principalmente os escuteiros.

Depois, vêm os "anorexígenos".
Isso, eu não sei bem o que é.
Mas acho que vi num jornal que são aquelas miúdas muito magras que andam a desfalecer nos desfiles de moda. Por isso, evitem dar-lhes boleia, ou ainda vão dentro por toxicodepêndencia.
Se tiver mesmo que ser, passem primeiro num McDonalds e empanturrem-nas até quase rebentarem. Pode ser que assim escapem.

Por estranho que pareça, outro estigma não determinante é o "pó branco (cocaína) em fragmento de palhinha para consumo de bebidas ou embalado em papel, prata ou saquinho de plástico".
Estava a ficar preocupado, pois o Ministro há quase um artigo que não escrevia a palavra "fragmento".
Com este estigma, consigo imaginar um colombiano a ser mandado parar num auto-stop. Na parte do camião TIR, toneladas de coca.
E ele, a virar-se para o guarda: "Isso? Ah, isso não é determinante. Ora veja lá bem o diploma..."

Também se estiver numa palhinha, não é problema.
Digam ao agente da autoridade que veio como brinde numa das 20 caipirinhas que acabaram de beber e que tal não é determinante para serem considerados uns cocaínados.

"Esferográficas sem carga (tipo BIC)" é o estigma seguinte indicado no Despacho.
Nesta, estou safo: costumo andar só com as cargas, sem a esferográfica.
Vocês, consumidores, fiquem com uma dica para se safarem também desta: passem a usar as esferográficas sem carga da marca "Molin", que essas não são um estigma.

O seguinte é a "garrafa de água mineral perfurada".
Para não se arriscar a ser detido(a), examine bem a garrafa antes de sair do supermercado.
Se acontecer como nos pacotes de arroz (em que parece que anda alguém a fazer-lhes buraquinhos de propósito - não há um que não vaze), ainda vai dentro.

O "bicarnonato de sódio", o "éter" e o "amoníaco" são os indicadores seguintes.
Se és delegado de propaganda médica ou condutor de distribuição duma empresa farmacêutica... muda de profissão!
Eles estão de olho em ti!

Depois, o Ministro passa a explicar, aos agentes, quais os "efeitos do consumo ou intoxicação aguda de cocaína ou anfetaminas - o quadro clínico de hiperestimulação do sistema nervoso simpático".

Aqui, um breve parentesis. Se estimula o sistema nervoso simpático, qual é o problema da coisa?
Grave seria estimular o sistema antipático e a pessoa andar por aí, de carro, a embirrar com todos.
Se fica um fixe para os outros condutores, é deixar andar...

Entre muitos outros sintomas enunciados no Despacho, nesta área da cocaína, realço, agora, a... "Euforia".
Meus amigos, por favor controlem-se.
Sei que a tentação é grande, mas, numa operação-stop, tentem acalmar-se e não sair do carro aos saltos e aos gritos: "yuuuuuuuuuupi, luzes! Viva..... e tá tudo fardado, tudo mascarado! Espectáculo!!! Lindo, lindo, lindo!"

Também não podem demonstrar "Variações súbitas de humor (labilidade emocional)".
"Não acusou alcool??? HAHAHAHA TOMA, EMBRULHA Vai buscar! HAHAHAHA!!! Drogado? Eu? Buáaaaaaaaa...".

Tenham também cuidado com os níveis de..."Ansiedade"
Mesmo que, na altura, se sintam um verdadeiro José Mourinho, não os pressionem. Tentem não fazer conversa do tipo "Atão, pá, acusou? Atão, pá, Essa multa? sai ou não sai? Vá lá, meu, vá lá, despacha-te com isso, man".

Tentem tambén não entrar em "Pânico".
Antes de gritarem "Socorro! Polícia! Estão-me a tentar pôr um balão na boca! Alguém me acuda!!!", respirem fundo.

"Irritabilidade"
Pode: "Tudo bem... senhor guarda... sim, sim... concordo... preencha lá isso com calma... não, não se preocupe comigo que eu arranjo dinheiro para pagar isto... são azares... tudo bem..."
Não pode: "Mas ó meu cabeça de giz, você não percebe o que lhe estou a dizer? Quer que preencha eu isso, seu atrasado mental? Mas não sabe escrever? E se metesse o balão no cú?"

"Coma"
Tentem atinar até ter passado a vossa vez, ou acordar do coma até ao condutor antes de vocês ter terminado.

"Insónias"
"Sô guarda, tou sem sono... a seguir a isto não quer ir ali beber um copo ao after? Pago eu".
Nunca digam isto. Bocejem. Muito. Espreguiçem-se. Vão fechando os olhos. Vão buscar uma almofada ao carro. Embrulhem-se num cobertor. Repitam "o menino quer ó-ó" muitas vezes.

"Excitação sexual"
Para o vosso próprio bem, mesmo que vos apeteça muito, se puderem não digam coisas como "Ó senhor agente... excita-me tanto ver homens de farda! Deixe-me só acabar de bater esta que eu já saio do carro e sopro-lhe o balão todo!"

"Necessidade IMPERIOSA de urinar ou eventualmente de defecar"
"Senhor guarda, não se importa de preenchermos a papelada ali ao pé daquele poste, que assim eu aproveitava e ia-me aliviando... Já agora, por acaso não tem aí um jornal, não?"

Convém também controlar o "Delírio de perseguição".
Pela vossa saúde, evitem, ao máximo, dizer, ao guarda que vos está a dar o balão para soprar: "Agora não, que a bófia está ali a controlar!!!"

O ponto seguinte do Despacho é dedicado à "Privação/abstinência de cocaína e anfetaminas".

Para os autores do Despacho, um dos sintomas disso são as perdas de peso.
Presumo, pois, que haja muita gente a perder peso durante as operações-stop.
As quais passarão, a partir de agora e por força disso, a ser patrocinadas pelo Holmes Place (com logotipo nas fardas).
Antes do Verão, milhares e milhares de pessoas passarão a sair de casa à noite, apenas para andarem de carro à procura de uma operação-stop, para se porem em forma.

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