Gostem, ou não, de futebol, é impossível ainda não se terem apercebido do fenómeno que se passa em todos os estádios nacionais, em que legiões de indivíduos (incluindo mulheres e crianças) aparecem com cartazes a dizer ”DÁ-ME A TUA CAMISOLA!”, dirigidos aos jogadores x ou y.Embora o contexto seja realmente estranho, gosto de TENTAR perceber estes fenómenos.
Afinal, o que poderá levar um indivíduo a deslocar-se ao local de trabalho de outro e pedir-lhe uma parte do seu material de trabalho?
Já algum de vocês entrou aos gritos, por exemplo numa agência de viagens, a gritar: “MARIA LUISA, DÁ-ME O TEU AGRAFADOR??”
Ou numa pizzaria: “JORZIVAL, DÁ-ME A TUA BOINA”?
Mais a mais, estamos a falar de um objecto que custa, no máximo, uns 50 euros (e já no caso de se tratar da camisola de algum dos chamados “clubes grandes”, de marca registada e de algum jogador mais conhecido).
Ou seja, estão a pedinchar, A MENDIGAR, meia-dúzia de euros.
Mais que isso, a camisola parece só poder ser valorizada por estar impregnada do suor de algum jogador.
E se isto pega e se passa para outras profissões?
Porque não gosto de criticar nada nem ninguém sem me pôr dentro da situação, esta manhã dirigi-me à estação de comboios com um cartaz gigante levantado com o seguinte escrito: “BILHETEIRO, DÁ-ME A TUA CAMISA!”.
Pedi, delicadamente, um bilhete de ida e volta, após o quer gritei: “BILHETEIRO, DÁ-ME A TUA CAMISA!”.
O homem riu à gargalhada (não sei se de mim, se da situação...), disse que nunca tal lhe tinha acontecido, mas que não podia, porque a camisa não era dele era da CP.
Dirigi-me, então, a um conhecido hospital lisboeta.
Já na sala de espera de atendimento, empunhei outro cartaz: “MÉDICO, DÁ-ME A TUA BATA!”
Quando comecei a gritar esse meu pedido, dois policias arrastaram-me para fora do hospital, pelo que fiquei sem saber a reacção do médico. E sem receber a bata...
Mas não desisti. Embora não tivesse um cartaz preparado para a ocasião, comecei a gritar, a plenos pulmões: POLÍCIA... DÁ-ME A TUA FARDA!”.
Nem 5 minutos passaram e chegava um carro da polícia que me levou para o tribunal.
Perante o juiz e a pergunta: “O senhor pode-me explicar a sua atitude?”, a resposta foi óbvia “JUÍZ... DÁ-ME A TUA BATINA!”
Resultado: fui dentro!
Mas, ao menos, o meu pedido foi parcialmente satisfeito: deram-me uma camisola, às riscas (e até com umas calças a condizer), com o número 145-562.Voltando ao pessoal que se desloca aos estádios, há outras duas coisas que não consigo entender.
Primeira: Porque é que tratam os jogadores por “TU”?
Está bem que os jogadores são, em regra, miúdos novos.
Mas de onde é que os conhecem para os tratar por tu???
Além disso, não pedem. Exigem!
É óbvio que assim não recebem nada!
Sugiro, pois, que, para a próxima, tentem algo mais educado. Por exemplo, um “SENHOR Rui Costa, oferece-me a sua camisola, POR FAVOR”?
Tamanho abuso no tratamento só se compreende porque os indivíduos estejam na bancada e não junto ao jogador.
Pensemos, por exemplo, no Quaresma, do Porto.
Alguém teria coragem de abordar, na rua, um desconhecido cidadão de etnia cigana, e gritar-lhe: “LELO, DÁ-ME A TUA CAMISOLA!”???
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terça-feira, 22 de abril de 2008
DÁ-ME A TUA CAMISOLA!!!!
Publicada por Sorrisos em Alta às 10:29 da tarde 120 sorrisos
Etiquetas: Dá-me a tua camisola
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