quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O cozinheiro do tapete voador

Já tudo ou quase tudo se disse sobre a actuação da ASAE, pelo que me abstenho de aprofundar muito o tema.

Mas depois de ter lido a grande entrevista de António Nunes, o responsável máximo da ASAE, à revista Tabu, publicada no passado dia 29 de Dezembro, não posso deixar de partilhar aqui, convosco, uma das situações por ele referidas (de entre as muitas caricatas que constam da entrevista).

Esta podia-se chamar "A Rábula do Cozinheiro do Tapete Voador":

A meio da entrevista, o repórter pergunta: "E porque tem um empregado de mesa de trocar de roupa ou sapatos para ir à cozinha (de um restaurante)?"

Resposta (óbvia): "Ele não tem nada de ir à cozinha. As condições não lhe permitem a entrada na cozinha. Porque é um factor de contaminação. Por isso é que há um balcão para a entrega dos pratos e das travessas"

E, pergunto eu... porque é que há uma porta para a cozinha?

O repórter insiste: "E o cozinheiro?"

Coerente, o homem máximo da nação responde: "O cozinheiro pode e deve ir à sala de refeições, e não precisa mudar de roupa. Tira o avental, vai cumprimentar as pessoas, depois lava as mãos e segue com a sua vidinha. E isso é porque o cozinheiro está higienizado, mas o empregado não, anda pela rua, pisa caca de cão e depois não pode ir para a cozinha contaminar. Isso não podemos aceitar!"

É por isto que algum de nós não entendem as novas regras.

Primeiro: e o cabrão do cozinheiro que esteve a mexer nos tomates na cozinha não devia lavar as manápulas ANTES de ir cumprimentar as pessoas?

E para chegar ao local de trabalho, não terá ele que fazer o mesmo que o empregado de mesa, e ter que andar a saltar de caca de cão em bosta de canídeo?

E como é que ele chegou ao restaurante?
Ou os cozinheiros vêm todos de bairros com ruas limpas e os empregados de mesa têm que morar em bairros degradados, pisando cacas de cão, seringas e lixo?

Viajarão os cozinheiros em tapetes voadores?

4 sorrisos:

Tita disse...

digo-te uma coisa, um dos meus sonhos ERA abrir um restaurante...

Sorrisos em Alta disse...

Tita,

Cheguei a temer que fosses confessar algo mais íntimo!
:o))

Voltando à "vaca fria" (não congelada, cortada com as mãozinhas lavadas e com faca esterilizada), ERA o teu sonho e o de muita gente. Incluindo os dos que os chegaram a abrir...

Hoje em dia, se calhar mais vale abrir um hospital ou uma lixeira. Sempre são menos controlados

Pacanherros disse...

Os cozinheiros têm calçado que usam só no restaurante, não sai do restaurante: quando chegam mudam de roupa, quando se vão embora voltam a vestir a que tinham e os respectivos sapatos cheios de merda. O empregado de mesa vem desde casa vestido à pinguim, fazendo reviengas aos cagalhotos de cão. Não tem muita ciência.

Sorrisos em Alta disse...

É precisamente pela falta de ciência no catalogar de todas as pessoas só porque são de uma ou de outra profissão que faço a crítica.

Conheço muitos "pinguins" que não gostam de ser vistos assim na rua. Vão vestidos normalmente e trocam de roupa no restaurante. Por serem empregados de mesa têm que ser tomados por porcos?

Também conheço cozinheiros que não mudam a roupa toda no restaurante. Lá, têm apenas os apetrechos: chapéu, avental, etc. Tudo o resto é aquilo com que vieram da rua.

Além disso, em que parte do restarurante é que penduram os sapatos com a bosta de cão?
Se for um restaurante pequeno, pode ser no bengaleiro?