Como se não houvesse nada de mais interessante para fazer, neste cantinho à beira-mar plantado, algumas pessoas, quiçá por medo da mudança, ou provavelmente apenas em busca de protagonismo, dedicam-se a cair em cima de qualquer um que faça algo ou simplesmente que tenha uma ideia.
O povo, aparentemente também sem nada mais com que se entreter, passa, então, semanas a divagar sobre o assunto, com os amigos, no trabalho, em casa, nos cafés.
Numa dessas últimas situações, quase caíu o Carmo e a Trindade após as afirmações de Maria José Nogueira Pinto, por a senhora ter ousado sugerir tirar as lojas chinesas da zona da Baixa-Chiado e criar uma espécie de "Chinatown".
Entre as muitas vozes discordantes, a SOS Racismo chegou a acusá-la de querer fazer uma "limpeza étnica na zona" e que tal seria o mesmo que criar um gueto.
Já o Bloco de Esquerda acusou-a de querer "segregar a comunidade chinesa".
Não tenho nada contra a senhora. E muito menos a favor. Mas, como em muitas outras situações, também aqui a ânsia de protagonismo desmedido se veio provar ser antes um autêntico tiro na perna sobre os que (tentaram) disparar sobre a senhora.
Neste caso específico, antes de a (tentarem) fuzilar em público, esqueçeram-se apenas de um pormenorzito. O que realmente importava - pura e simplesmente o tentar saber o que os principais interessados - a comunidade chinesa - pensava sobre o assunto.
E estes, os comerciantes chineses, acabam de vir a público dizer que até concordam com a ideia. Que algumas das cidades mais evoluídas já têm as suas "chinatowns", sem que isso seja mau para o negócio ou o racismo seja posto em causa.
Com isto, os outros enfiaram a viola no saco e estão agora caladinhos.
À espera de novo assunto para voltarem à ribalta e tentarem crucificar mais alguém.
Por mim, também não vejo mal algum em que se crie uma "Chinatown" em Lisboa E não a vejo como um tipo de segregação, racismo ou limpeza étnica.
Aliás, já temos pelo menos outra "town" semelhante em Lisboa.
A meu ver, o problema principal dessa intenção, no que a Lisboa diz respeito, tem a ver com a localização que está pensada para o estabelecer da "Chinatown": a zona compreendida entre os Anjos e o Martim Moniz.
Vejo aqui, logo à partida, dois problemas:
Em primeiro lugar, decididamente as milhares de lojas e restaurantes chineses não cabem dentro nos limites dessa zona. Teria que ser uma zona muito maior, sei lá... talvez entre Coimbra e o Martim Moniz.
E é precisamente no confinar dessa zona que se coloca a segunda questão. Que pode vir a criar problemas de guerras entre "towns", pois é exactamente no Martim Moniz (o famosíssimo eixo Martim Moniz-Centro Comercial da Mouraria) que se situa a outra "town" lisboeta, conhecida por "Cariltown" ou "Chamuçatown".
sábado, 15 de setembro de 2007
Chinatown? Silly Town!
Publicada por Sorrisos em Alta às 11:06 da manhã
Etiquetas: Chinatown
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1 sorrisos:
Sim. Então aí nessa zona nunca se poderia chamar "Chinatown", antes "Asiatown".
Eh, eh! Larguem lá os chineses e ajudem os portugueses a serem mais competitivos e a atrair mais investimento estrangeiro...
Tenho dito!
Ps: Obrigada por me adicionares!
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