Se beber, não conduza (um taxi)

Alegando que é uma campanha para sensibilizar automobilistas para a importância de um regresso seguro a casa, os taxistas de Lisboa, através da ANTRAL (Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros...ufaaaaa!!!) levam a efeito uma campanha para a utilização de taxis, nas madrugadas de hoje, quinta, e amanhã, sexta-feira (12 e 13 de Abril).

Na Av. 24 de Julho vai estar um gigantesco estaminé e esperam-se cerca de 3.500 taxistas, com cartazes nas suas viaturas, a propagandear o evento.

O mote da coisa é "Se beber não arrisque, volte de Taxi".
É bom que se expliquem melhor, pois se a mensagem é destinada a pessoas embriagadas, estas podem achar que é para voltar...para o bar onde estavam!

Sugiro, pois, que alterem o título para qualquer coisa como "se beber não arrisque, apanhe um taxi PARA CASA".

Aí, o objectivo da campanha já parece nobre, sensato e louvável.

De facto, a ser sincero, poderia prevenir, de facto, alguns acidentes e evitar umas dezenas de multas e detenções que têm acontecido todas as semanas (normalmente, a festa - das operações stop, leia-se - começa à quinta-feira).

Mas não é preciso perder muito tempo a pensar no assunto para se perceber que a questão aqui é que tudo não é mais do que um falso pretexto, para proveito próprio.

Os taxistas estão-se marimbando se os automobilstas, nos seus veículos, chegam seguros a casa.

Se assim não fosse, não praticariam uma condução que faz atirar, muitas vezes, os outros para a berma.
Não é por mero acaso que um seguro automóvel dum taxista custa normalmente mais de 2.000 euros, quando o de um vendedor, que ande também todo o dia na rua, custa quase 10 vezes menos...

Apanhe um taxi, dito por um taxista, tem tanta credibilidade como os bares juntarem-se para a campanha do "se sair, beba", ou "Beba, pela sua saúde".

Mas de facto, há que louvar os taxistas. Porque defendem os seus ideais (e lemas) com afinco. Por isso, são os primeiros a dar o exemplo e, para voltar da noite, depois de beber, apanham eles próprios um taxi.

O pequeno senãozito é que o táxi é o deles e é naquele estado que vão levar os pobres dos noctívagos a casa.

Pessoalmente, há já muito tempo que quando saio à noite, regresso de taxi. E é rara a vez que o taxista não me ganha no divertido jogo de enrolar a língua enquanto se tenta balbuciar palavras.

"se beber não arrisque, apanhe um taxi" é o lema da campanha.

Arriscar, eu acho que se arrisca ainda mais. Mas se se bebeu, pode ser que não se repare.

Mas "beba se tiver que apanhar um taxi" não é um bom slogan de marketing, pois não?