quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Há álcool na pista

Os nossos vizinhos espanhóis mostram estar atentos e muito à frente e estão a preparar medidas perfeitamente inéditas na aviação comercial europeia: querem contemplar a realização de controlos-surpresa para despistagem de consumo de álcool e drogas nos pilotos e tripulantes das cabines.

Para nós, a ideia é fantástica e só peca por tardia. Para acabar de vez com uma discriminação que teimava em continuar, relativamente aos condutores terrestres.

De facto, se sempre que um condutor dum carro sai à noite se sujeita a apanhar com uma mega-operação stop, porque raio os condutores de avião não hão-de estar sujeitos ao mesmo?

Achamos, contudo, que o conceito tem que ser mais bem desenvolvido. Ou explicado.

Senão, vejamos:

Primeiro: despistagens e aviões, são, à partida, duas palavras que não CAEM bem na mesma frase (if you know what I mean...).

Segundo: Dentro do avião, porquê discriminar os tripulantes da cabine dos demais? Se bem que não estejam a conduzir, é universalmente conhecida a tendência das hospedeiras de bordo para a droga e para o álcool. Só assim, nesse estado de quase coma alcoólico ou de alucinação se percebe como é que são capazes de servir aquilo a que, sarcasticamente, se chamam "refeições" de bordo.

Voltando aos pilotos. E ONDE é que lhes vai ser feita a despistagem? No ar? Com aviões da GNR escondidos atrás das nuvens? Ou com aviões descaracterizados da BT a "picarem-nos" nas rectas maiores?
E, já agora, haverá avenidas 24 de Julho nos céus, onde os pilotos se divirtam à noite?

Ou o controlo será feito ainda em terra? Se assim é, continuam a ser beneficiados em relação aos condutores de veículos terrestres, que não têm a hipótese de ser testados ainda em casa ou no restaurante.
E se for em terra, os pilotos de avião não estão, ainda, a conduzir, logo, não incorrem em penalização alguma.

De qualquer forma, não vejo grande mal em que alguém conduza um avião em estado alcoolizado. No ar, poucas continuam a ser as hipóteses de chocar contra outro aparelho. Aliás, eu diria que fica mesmo ainda mais difícil conseguir acertar noutro pequeno aparelho, na vasta extensão de espaço aéreo.

Também ao aterrar, não esqueçamos que os aeroportos têm diversas pistas, alinhadas paralelamente em relação umas às outras. Por conseguinte, vendo-se a pista a dobrar, acaba-se por aterrar de qualquer das formas. Mesmo que numa pista com outro número. De certeza que é para isso que existem os autocarros de passageiros no aeroporto.

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