terça-feira, 28 de novembro de 2006

Gente mais esperta que nós

Há gente que:
a) ou acha que os outros são todos perdidamente estúpidos;
b) ou, no mínimo, vivem noutro planeta (só para não lhes chamar estúpidos a eles...);

Podia isto vir a propósito de uma série de outras coisas. Mas, aqui e agora, aplica-se, especificamente, ao projectista Carlos Coelho, bem como às Universidades do Porto e de Atenas, na Grécia, que colaboraram no projecto. E, ainda, à União Europeia, que o financiou!

E que fez essa gente toda, para deixar estes gajos (leia-se nós) tão irritados, perguntam vocês?!? Ah,... não perguntam? ok.
Mas a malta explica na mesma! :o)

Pois eles dizem que (ou acham que) fizeram o primeiro empreendimento cooperativo de construção sustentável (ecológica). A quem possa interessar, adiantamos que foi inaugurado hoje, em Leça do Balio, Matosinhos.

Segundo estes grandes carolas, as 101 habitações foram idealizadas para respeitar o ambiente e para poupar energia.

Nós vamos facilmente provar que no fundo, são uns patos bravos, a vender habitações normalíssimas.

Vamos por partes:

1º Desde quando é que construir habitações é respeitar o ambiente???
Respeitar o ambiente é deixar crescer plantinhas...

2º: NÃO SÃO o 1º empreendimento cooperativo de construção sustentável (ecológica). Um grupo de moradores da cooperativa agrícola do Bairro das Marianas, em Carcavelos, já intentou uma acção judicial, reclamando os direitos de autor. Segundo eles, os seus barracos em madeira (material bastante ecológico), sustentável sobre as valas que atravessavam o bairro, foram o 1º empreendimento cooperativo do género.

3º A coisa não fica por aqui. Segundo os (ir)responsáveis do novo projecto, a poupança de energia vai ser monitorizada durante os próximos anos, o que vai permitir perceber quanto os equipamentos amigos do ambiente podem contribuir para a diminuição da poluição e do consumo de energia eléctrica e gás natural.

Desculpem lá.... monitorizar???? E ao longo de anos???? Mas isso não quer dizer que, afinal., eles não têm a mínima ideia de quanto é que aquilo faz poupar? Se é que faz???? Então e os habitantes pagam para servir de cobaia???

4º Mas aquelas mentes brilhantes não conseguem parar e passam, de imediato, para o ponto seguinte: Ao contrário do que muita gente pensa, comprar ou construir uma casa amiga do ambiente não significa gastar mais dinheiro. O acréscimo de custo é da ordem dos 5%, mas vai ser compensado dentro de 4 ou 5 anos em poupança de energia" (sic).

Expliquem-me outra vez, como se eu fosse a senhora do anúncio. Por favor. Vamos por partes, outra vez: Primeiro: não sibnifica gastar mais dinheiro, mas tem um acréscimo de custo(...). Não percebi a frase, mas é muito bonita.

Quanto aos valores: Sou um zero a matemática, mas façamos aqui algumas contitas rápidas: 5% sobre uma casa que custe na ordem dos 30.000 contos (150.000 euros) são 1.500 contos.
A pagar a mais, logo à cabeça.
"EVENTUALMENTE" (sim, eventualmente, porque eles ainda têm que monitorizar, para ter a certeza...) recuperáveis ao fim de 4 ou 5 anos.
Para já, acontece que grande parte das pessoas troca de casa antes dos 4 ou 5 anos.
Para os outros, aqui ficam as contas:
1.500 contos, mesmo extendidos para o prazo máximo referido (5 anos), dá 300 contos por ano.
300 contos por ano a dividir pelos 12 meses, dá 25 contos pr mês. Isso, de poupança.
Agora expliquem-me: quanto é que é suposto gastar-se de gás e luz, numa casa, para se conseguir POUPAR 125 euros por mês?

PS1: É óbvio que eu estava a brincar!
Achei os argumentos dos senhores muito convincentes e estou desejoso de ir pagar mais por uma casa em Leça do Balio.
Por favor, reservem-me já uma.

PS2 - Já agora, e passe a publicidade,a cooperativa chama-se Norbiceta. Lido num nortenho mais cerrado, ler-se-á Nor Buceta, que é sempre um sítio in, para se levar os amigos.

1 sorrisos:

Anónimo disse...

Concordo que tudo aquilo que é publicidade é sempre exagerado mas tenho algumas criticas sobre o teu post.

1) O custos acrescidos de 5% na obras não significa necessariamente mais 5% nos custos de cada apartamento.

2) Fazer casas de madeira para 200 pessoas não é necessariamente mais ecológico nem mais barato. Nem todas as pessoas gostariam de morar numa barraca de madeira.

3) Neste empreendimento foram utilizadas técnica relativamente simples de poupança energética como os paneis solares térmicos integrado no edifício a funcionar em conjunto com o sistema dos esquentadores, a recuperação das aguas pluviais para usar nas aguas sanitárias e cuidados na orientação e no isolamento dos apartamentos.

Nada de impressionante mas que podem realmente fazer poupar e que pessoalmente acho deveriam ser obrigatória em todos os edifícios.